5 etapas para desenvolver seu ouvido musical.

O desenvolvimento do ouvido musical, é um desejo, quase que unânime, entre músicos de todos os níveis. Sobre esses caminhos sonoros é o assunto das linhas que seguem.

Chico Oliveira no Show a Fibra é Uma Ótica! - Foto Uendel Galter

Muitas pessoas me enviam mensagens aqui pelo site, relatando dificuldades em tirar “músicas de ouvido”, e essa é uma das maiores queixas de um iniciante, inclusive foi um ponto de complicação para mim também.

 
Não conseguir traduzir em ação no instrumento (seja lá qual for, voz, violão, guitarra, gaita etc), os sons que entram na nossa mente, se torna muitas vezes, um momento de extrema tristeza, nos traz  sensação de incapacidade, rejeição ao instrumento, constrangimento frente a outras pessoas etc.
 
Eu diria até, que muitas pessoas desistem de tocar, por dificuldades no desenvolvimento do ouvido musical.
 
Ganhar autonomia para poder tirar músicas, sem “revistinhas” das bancas de jornais, songbooks, ajuda de terceiros, sites especializados em cifras etc. é libertador!
 
Poder tocar as músicas que se gosta, sem intermediários, é como ter transporte e disponibilidade para ir a qualquer lugar que se deseja.
 
Sem dúvidas, ter um ouvido desenvolvido, é inquestionavelmente, um grande facilitador para qualquer músico
 
A seguir, vou listar e comentar sugestões para que você possa desenvolver o ouvido musical.
 

1) Escutar musica  

Ligue o rádio do seu sistema de som em casa, ou do carro, ou no smartphone,  e escolha uma estação. 
 
Focar no rádio é interessante, porque não temos a possibilidade de escolher o que será tocado, o que acaba nos forçando a escutar coisas diferentes, e que muitas vezes desconhecemos.
 
Escute por um tempo, sem preconceito, sem pressa, sem inquietação. Se concentre nos sons!
 
Concentre-se nos sons de cada instrumento por vez, caso esteja escutando um grupo. 
 
Tente memorizar a sucessão de sons ao longo da música, assim como atribuir sensações às sequências.
 
casamuito provavelmente, você tem um imenso tesouro sonoro, e jamais se deu conta.
 
Escolha musicas que lhe pareçam simples.
 
Escute uma música até que seja suficiente para poder canta-la e/ou assobia-la.
 
Aprenda a letra, caso ela exista.
 

2) Cantar tudo que escutar

Tente cantar absolutamente tudo que escutar, o solo do saxofone, a convenção da bateria, as linhas de contrabaixo etc. 
 
Cante no chuveiro, dirigindo, indo à padaria, fazendo as suas atividades diárias etc.
 
Cante tudo que puder!
 
Cultive o hábito de cantarolar melodias que você mesmo cria ao fazer suas atividades
 
O canto, serve como transportador da música que está em nossa mente com o nosso corpo físico, mãos, dedos, braços, pés etc

Cultivar o hábito de escutar os sons e conferir no instrumento, nos guia para a identificação de “padrões” com o passar do tempo, e esses padrões, por um outro ponto de vista, se manifestam como intervalos, escalas, arpejos, acordes etc.

3)Tente reproduzir no instrumento tudo que escuta
 
Se você consegue cantar uma melodia, conseguirá reproduzir em algum instrumento o que cantou. Simples assim!
 
Tente reproduzir absolutamente tudo que escuta.
 

Tentar reproduzir no instrumento o que escutamos, é comumente chamado de “tirar de ouvido”. 

 

Obviamente, tiramos aquela melodia que se encontra na nossa mente (ouvido interno) e compartilhamos com o mundo (ouvido externo).

Não é preciso ter pressa, apenas certifique-se de tirar nota por nota, conforme esteja ao seu alcance”
Fica como sugestão, tirar os baixos ou os sons reproduzidos pelo contrabaixo inicialmente, em geral por serem sons graves, costumam se destacar nas músicas.
 
No início, essa etapa pode parecer difícil, até mesmo impossível para muitos, mas quanto mais tentamos, quanto mais insistimos, mais somos recompensados. Não desista!
 

Ao longo do tempo, esse processo se tornará muito mais rápido e gratificante do que inicialmente imaginamos. 

 

 

Cultivar o hábito de escutar os sons e conferir no instrumento, nos guia para a identificação de “padrões” com o passar do tempo, e esses padrões, por outro ponto de vista, se manifestam como intervalos, escalas, arpejos, acordes etc. 

 

 

Conhecer assuntos básicos como intervalos, escalas, acordes, progressões etc, será um grande facilitador para organizar o desenvolvimento do ouvido musical. 

 

Um bom ponto de partida para aprender sobre intervalos, escalas e acordes, é o  TREINAMENTO PRELÚDIO.

 
Vale lembrar que a dedicação nas etapas anteriores, é uma forma de encurtar as dificuldades nessa etapa.

 

Você poderá encurtar esse processo de reprodução daquilo que se escuta, com o auxílio da tecnologia, escrevi sobre isso AQUI.

4) Escreva tudo que tirar 

 
Escrever aqui, me refiro não apenas à escrita musical tradicional, mas também às cifras, anotações pessoais etc. O que vale é o registro. 
 

O ato de escrever o que se tira, além de funcionar como fonte para consultas futuras, serve como mais uma fonte de absorção, não apenas auditiva daquele conteúdo, mas também, como forma de associar os estímulos sonoros que estão sendo desenvolvidos, com outras impressões.

 

 

Escrevi um outro texto, com 6 dicas para transcrever solos que você poderá se aprofundar um pouco mais sobre esse assunto.


Você poderá baixar pentagramas em branco para escrita musical, AQUI!
 
AQUI, deixo algumas transcrições que fiz, e disponibilizei  gratuitamente.

5) Tocar junto com a gravação 

 
Após cumprida as etapas anteriores, é indispensável, por à prova o resultado do que tiramos “de ouvido”, e a melhor forma disso, é tocar junto com a gravação.
 
Tocar com a gravação, nos proporciona  incorporar aspectos mecânicos e interpretativos da música, incrementando ainda mais o aguçamento da nossa percepção musical.
 
Aspectos interpretativos estão sempre ligados ao nosso ouvido, à nossa percepção musical, ao aguçamento da nossa sensibilidade através de estímulos sonoros, tais como, dinâmica (maior ou menor volume etc), as “levadas” (“batidas”), andamento (mais rápido ou mais lento) etc.
 
“Entra por um ouvido e sai pelo outro”
 
Se observarmos as etapas listadas acima, podemos atentar para o fato, de que nenhuma delas requer uma habilidade nata, um dom especial, nenhuma delas impõe uma grande distância entre o ponto que se está agora, e um futuro próximo mais satisfeito com a capacidade de identificar os sons.
 
É claro que existem métodos mais focados, especificamente elaborados para o desenvolvimento da percepção musical, embasados no universo acadêmico através de livros, teses etc. 
 
Vale destacar que muito material já foi escrito sobre o desenvolvimento da percepção musical, o que nos permite afirmar sem dúvidas, que há uma vasta bibliografia sobre o assunto, tanto em ambiente acadêmico, como fora dele.
 
A ideia aqui foi trazer passos simples, e que respondem com uma boa eficácia no desenvolvimento do ouvido.
 
Todos os pontos listados, podem ser considerados óbvios, extremamente próximos, mas que nem sempre atentamos pra eles, como aquela informação de grande valor que muitas vezes, “entra por um ouvido, e sai pelo outro”.
 
E você, como costuma trabalhar seu ouvido musical? Compartilhe na caixa de resposta abaixo e/ou me deixe saber se o texto fez sentido pra você.

 

Abraço, 

Chico Oliveira.

P.S.: Compartilhe o texto com alguém que possa ter interesse por esse assunto.

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