Abordagem com arpejos de 4 notas.

Hoje resolvi compartilhar a mais antiga técnica de improvisação que se tem notícia, a aplicação de notas do acorde.
Parece um tanto óbvio, mas tocar as notas do acorde pode ser um dos caminhos mais bonitos para a construção de um solo.
É claro que quando iniciamos alguma atividade, seja ela qual for, queremos provar para nós mesmos o domínio dos passos nessa atividade, e juntamente com tal necessidade, surge a atração pelos caminhos mais difíceis.
Romper essa atração pelo mais “complicado”, realmente, é um passo que requer força de vontade, e não podemos negar que possivelmente, trata-se antes de tudo, de uma luta interior.  

Quando comecei a me interessar por improvisação, sempre escutava dos músicos mais experientes – “toque as notas do acorde!” (arpejos) e no auge da minha “aborrecência”, por diversos motivos, eu não seguia esses conselhos.
Trabalhava todas as escalas,  e mais aquelas que aparecessem.
Eram lídios, frígios, tons inteiros, mixolídios, menores, cromáticas, aromáticas, bombásticas etc.
Serviu? Serviu!  
Hoje eu diria que poderia ter servido muito, mas muito mais rápido.  
Com a devida distância e aprendizado que o tempo sempre nos presenteia, posso fazer uma comparação daquela fase, com um condutor de automóveis que conhece um pouco do seu bairro, nada mais,  e passa a trabalhar como motorista profissional sem GPS.
Entra em rua, sai em rua, sobe, desce, percorre enormes trajetos para chegar a distâncias minúsculas….
O tempo passa e vamos aprendendo melhores caminhos, menores trajetos, melhores paisagens etc.
Vamos às notas do acorde!
Temos a progressão:
Progressão de acordes para estudo de arpejos
Progressão de acordes para estudo de arpejos
Admitindo que inicialmente iremos tocar arpejos de 4 notas, sobre o Bm7(b5)  (Si – ré – fá – lá), basta tocarmos as mesmas notas que formam esse acorde.
Observando com atenção, existem 24 possibilidades de se tocar as notas desse acorde, e se pensarmos em explorar outras oitavas esse número sobe consideravelmente. 
Sobre o E7(b9) (Mi – Sol# – ré – fá) basta tocar as notas que formam o acorde, assim como no Am7 (Lá – dó – mi – sol), também tocaremos as notas do acorde.
Arpejos de 4 notas sobre progressão sugerida
Arpejos de 4 notas sobre progressão sugerida
Segue abaixo um exemplo de linha melódica escrita para tocarmos sobre essa progressão:
Frase utilizando notas do acorde
Frase utilizando notas do acorde.
Com uma abordagem rítmica interessante, e com esta vasta gama de opções de notas apenas para tocar sobre um único acorde, imagine o quanto você pode soar interessante?!?
Quanto mais utilizamos as notas do acorde sobre uma determinada progressão, mais somos conduzidos a pequenos saltos, consequentemente, a melodias mais angulares, e a soarmos mais “inside”, ou seja, estaremos potencialmente sugerindo as mudanças de acordes de forma melódica, em outras palavras, reforçando o caráter tonal daquela progressão dada.
Em uma perspectiva menos teórica, tocar “inside”, priorizando as notas do acorde, também é uma forma (em potencial) de despertar a atenção do ouvinte.
É sugerir ao ouvinte uma maior aproximação com o que está sendo tocado. Se você tem dificuldades em saber as notas que formam os acordes, e todas as tramas que ocorrem ali por dentro, te recomendo fortemente o TREINAMENTO PRELÚDIO.

Trabalhando a técnica

Sugiro inicialmente que seja trabalhado arpejos de 4 notas em várias combinações dessas notas e nas 12 tonalidades.
Comece trabalhando pelas 4 categorias básicas de acordes:
X7M (1 3M 5J 7M);
X7 (1 3M 5J 7m);
Xm7 (1 3m 5J 7m);
Xm7(b5) (1 3m 5dim 7m).
Utilizando um pouco de conhecimento em harmonia, com essas ferramentas você já poderá tocar de forma consistente em um número considerável de progressões harmônicas.
Esta técnica foi, e é extensamente explorada por grandes improvisadores, e eu cito alguns da minha predileção:  Charlie Parker, Chet Baker, Wes Montgomery, George Benson, Ricardo Silveira, Dexter Gordon, Bill Evans, Dominguinhos, Jim Hall e muitos outros.
Se você é um improvisador iniciante, sugiro que tire solos pra ganhar vocabulário rítmico/melódico, e escreva linhas melódicas sobre algumas progressões para que possa praticá-las, sobretudo, a conexões entre os acordes.
Isso poderá ajudá-lo a entender como funciona melhor esse pensamento mais “horizontal” dos arpejos, e a medida que for adquirindo confiança, essas conexões previamente trabalhadas poderão ajudá-lo a encontrar outros caminhos, outras sonoridades, e outros olhares para determinadas progressões.
Faça bom proveito!
Chico Oliveira.
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