Interplay no jazz: o que é, como desenvolver e por que é importante

Você já se perguntou como os músicos de jazz conseguem criar uma música tão envolvente, criativa e emocionante, que parece que eles estão conversando entre si com os seus instrumentos? Essa é a magia do interplay, um conceito fundamental para o jazz e para qualquer música que envolva improvisação e interação.
 
Neste post, você vai aprender o que é o interplay, como desenvolvê-lo e por que ele é importante para o jazz e para a música em geral. Você vai descobrir que o interplay é a forma como os músicos se relacionam musicalmente entre si, criando uma dinâmica que pode ser harmoniosa ou contrastante, simples ou complexa, previsível ou surpreendente. 
 
Você vai ver que o interplay é a essência do jazz, o que faz com que essa música seja tão rica, vibrante e emocionante, e que permite que os músicos expressem a sua arte, a sua visão, a sua emoção, a sua história, a sua identidade, a sua originalidade, a sua musicalidade. Ficará fácil entender que o interplay é uma habilidade que pode ser desenvolvida por qualquer músico, e que traz benefícios não só para a música, mas para a vida, para o crescimento pessoal e profissional, para o relacionamento com as pessoas, para o autoconhecimento, para a felicidade.
 
Ficou curioso? Então continue lendo e descubra como você pode buscar o seu interplay, seja você um músico de jazz ou não, seja você  músico ou não.
 

O que é o interplay?

O termo interplay vem do inglês e significa “jogo entre”, “interação entre”, “intercâmbio entre”. No contexto musical, o interplay é a forma como os músicos se comunicam entre si através dos sons, criando uma conversa sonora que pode ter diferentes características, como:
 
  • Harmonia: quando os músicos tocam notas ou acordes que combinam entre si, criando uma sensação de consonância, equilíbrio e beleza.
  • Contraste: quando os músicos tocam notas ou acordes que não combinam entre si, criando uma sensação de dissonância, tensão e desafio.
  • Simplicidade: quando os músicos tocam poucas notas ou acordes, criando uma sensação de clareza, objetividade e facilidade.
  • Complexidade: quando os músicos tocam muitas notas ou acordes, criando uma sensação de densidade, sofisticação e dificuldade.
  • Previsibilidade: quando os músicos tocam notas ou acordes que seguem um padrão ou uma regra, criando uma sensação de continuidade, coerência e segurança.
  • Surpresa: quando os músicos tocam notas ou acordes que quebram um padrão ou uma regra, criando uma sensação de ruptura, inovação e risco.
 
O interplay pode acontecer entre dois ou mais músicos, entre instrumentos diferentes ou do mesmo tipo, entre solistas e acompanhantes, entre líderes e seguidores, entre compositores e intérpretes, entre músicos e público. O interplay pode ser verbal ou não verbal, consciente ou inconsciente, planejado ou improvisado. O interplay pode ser de diferentes níveis e intensidades, dependendo do grau de envolvimento, de sintonia, de confiança, e diversão entre os músicos.
 
O interplay é um conceito que pode ser aplicado a qualquer gênero musical, mas que tem uma relevância especial para o jazz, que é um gênero que valoriza a improvisação,  a expressão individual e coletiva, a experimentação e a interação.
 
O jazz é uma música que nasceu da mistura de diferentes culturas, influências e tradições, e que se desenvolveu através da troca, da colaboração e da inovação, e por essa diversidade de características, é uma música que se renova constantemente, que se adapta aos contextos e aos tempos, que se abre para novas possibilidades e que se inspira na vida.
 
O interplay é, portanto, a essência do jazz, o que faz com que essa música seja tão rica, vibrante e emocionante. O interplay é o que permite que os músicos expressem a sua personalidade, a sua criatividade,  suas habilidades técnicas, mecânicas e interpretativas, a sua visão de mundo. O interplay é o que faz com que os músicos se conectem entre si, é o que faz com que os músicos se comuniquem com o público, que captem a sua atenção, que despertem a sua curiosidade, e provoquem a sua reação, no exercício de compartilhar arte

Como desenvolver o interplay?

O interplay é uma habilidade que pode ser desenvolvida por qualquer músico, independentemente do seu nível de experiência, do seu instrumento, do seu estilo ou do seu objetivo. Trata-se de uma questão de atitude, de disposição para se relacionar musicalmente e se divertir.
 
Para desenvolver o interplay, é preciso, antes de mais nada, ouvir. Ouvir a si mesmo, aos outros músicos, ao público, à música. Ouvir com atenção, com interesse, com respeito, com abertura, com sensibilidade. Ouvir o que está sendo tocado, o que não está sendo tocado, o que pode ser tocado, o que deve ser tocado, o que não deve ser tocado. Ouvir o ritmo, a melodia, a harmonia, a dinâmica, o timbre, o fraseado, as características de gênero e estilo, o clima, o sentimento.
 
Ouvir é a base do interplay, pois é o que permite que os músicos se entendam, se ajustem, se inspirem, se respondam, se complementem, se contraponham, se surpreendam, se divirtam. Esse exercício do ouvir é o que permite que os músicos criem uma unidade,  coerência, e identidade.
 
Para desenvolver o interplay, é preciso também estudar. Estudar o seu instrumento, a sua técnica,  teoria, repertório, estilo, o som. Estudar os outros músicos, os seus ídolos, os seus colegas, os seus parceiros. Estudar a música, a sua história,  evolução,  diversidade,  complexidade, e simplicidade.
 
Estudar é o que permite que os músicos tenham um domínio, uma confiança,  fluência,  versatilidade e flexibilidade, para poderem trocar com outros músicos. Estudar é o que permite que os músicos tenham um vocabulário, e sobretudo,  uma linguagem.
 
Para desenvolver o interplay, é preciso também tocar. Tocar o seu instrumento, a sua música, a sua arte. Tocar com outros músicos, por diferentes estilos, com diferentes níveis, com diferentes personalidades, com diferentes propostas. Tocar para  diferentes públicos, para diferentes lugares, para diferentes ocasiões, para diferentes expectativas, para diferentes reações.
 
Tocar é o que permite que os músicos pratiquem, experimentem, testem, errem, acertem, interajam com o mundo.

Por que o interplay é importante?

O interplay é importante porque é o que faz com que a música seja mais do que uma simples combinação de sons, mas uma forma de arte, de comunicação e expressão, é importante porque é o que faz com que os músicos sejam mais do que simples executantes, mas artistas,  transformadores e transformados pelo tempo.
 
O interplay é importante porque é o que faz com que o jazz seja mais do que um simples gênero musical, mas uma filosofia, uma forma de vida,  uma forma de se relacionar com as pessoas e consigo mesmo.
 
O interplay é importante porque é o que faz com que a música e o jazz sejam universais, atemporais, transcendentais, essenciais.

Exemplos de Interplay!

Para finalizar, quero compartilhar com vocês alguns exemplos de interplay marcantes na história do jazz, que demonstram a riqueza e a diversidade desse fenômeno musical. São gravações que mostram como os músicos se comunicam, se desafiam, se inspiram e se divertem tocando juntos, criando momentos únicos e memoráveis. Espero que vocês apreciem e se emocionem com essas obras-primas do jazz:
  • Album Jazz at the Plaza – Miles Davis: a energia gerada pelas atuações dos músicos ao vivo resulta numa gravação antológica de uma das maiores formações do jazz, com John Coltrane, Cannonball Adderley, Bill Evans, Paul Chambers, jimmy Cobb, todos, expoentes da história do jazz.
  • Miles Davis in Concert (Four & More + My Funny Valentine): com certeza uma das melhores gravações ao vivo da história do jazz, com um Miles Davis em plena forma, acompanhado por um quarteto fantástico, formado por George Coleman, Herbie Hancock, Ron Carter e Tony Williams.
  • Helio Delmiro in Concert: Romã– Essa também é uma gravação mágica da música brasileira, com uma interação emblemática dos músicos, que misturam jazz, samba, baião e outros ritmos, com muita criatividade e virtuosismo. Helio Delmiro é um dos maiores guitarristas brasileiros, e nesse disco ele conta com a participação de Nico Assumpção, Rique Pantoja e Carlos Bala
  • Chick Corea – Light as a Feather: Esse talvez seja o primeiro álbum do Return to Forever, e merece atenção especial, sobretudo, pela participação de Flora Purim e Airto Moreira. Airto definitivamente carimbou seu nome na história tocando nesse álbum, que é um clássico do jazz fusion, com composições como Spain, 500 Miles High e Captain Marvel.
  • Keith Jarrett Trio: sobretudo, os álbuns com Gary Peacock e Jack DeJohnette. Esses caras levaram às últimas consequências essa coisa de interagir tocando. Destaque para os álbuns Still Live e Tribute, que são verdadeiras aulas de interplay, com interpretações magistrais de standards como My Funny Valentine, Autumn Leaves, All of You e Smoke Gets in Your Eyes.

Conclusão

Neste post, vimos o que é o interplay, como desenvolvê-lo e por que ele é importante para o jazz e para a música em geral. Vimos que o interplay é a interação musical entre os músicos, que pode ser de diferentes formas, níveis e intensidades, e que depende de fatores como a audição, o estudo, a prática, a criatividade, a espontaneidade, a sensibilidade, a personalidade, a comunicação, a diversão.
 
Vimos que o interplay é a essência do jazz, o que faz com que essa música seja tão rica, vibrante e emocionante, e que permite que os músicos expressem a sua arte, a sua visão, e sua individualidade.
 
Vimos que o interplay é uma habilidade que pode ser desenvolvida por qualquer músico, e que traz benefícios não só para a música, mas para a vida, para o crescimento pessoal e profissional, para o relacionamento com as pessoas, para o autoconhecimento, para a felicidade.
 
Esperamos que este post tenha sido útil e interessante para você, e que te incentive a buscar o seu interplay, seja você um músico de jazz ou não, seja você um músico ou não. O importante é que você se divirta, se expresse, se conecte, se transforme, se realize.
 
E você, o que acha do interplay? Você já teve alguma experiência de interação musical com outros músicos ou com o público? Como foi? Compartilhe conosco nos comentários abaixo, e aproveite para curtir, compartilhar e se inscrever no nosso blog para receber mais conteúdos sobre música, jazz e interplay. 

Até a próxima! 😊

Chico Oliveira.

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